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A Paróquia

Para darmos início a historia da Paróquia Nossa Senhora da Lapa, é necessário contextualizar como o bairro foi se desenvolvendo ao seu redor. A seguir  demonstrado tanto como a evolução do bairro colaborou com a estrutura física e conceitual da Paróquia, tanto como a Paróquia deu sentido ao bairro.

Os Padres Jesuítas receberam terras ao redor do rio Embiaçava em 1561, e ao longo dos anos, deu-se lentamente a vinda da população para a região lapeana. No século XVIII, os padres Jesuítas receberam uma doação de uma outra fazendinha da Lapa, assim denominada pelos Padres, sob a condição de rezar uma missa, uma vez por ano com o título da 

Lapa, em homenagem à Virgem Santíssima. Porém, o terreno não era produtivo para plantio e a região não possuía muita mão-de-obra, os religiosos decidiram então, em 1743, mudar a sede para outra propriedade na baixada santista, em Cubatão.

A Rota dos Tropeiros (Itu a São Paulo ao Litoral) passando pela região da Lapa foi definida em 1805, devido às transformações da estrutura econômica de São Paulo e à alta produção de cana-de-açúcar que era voltada para a exportação. Em 1811, o Padre Antônio Joaquim de Araújo Leite, transformou a fazendinha em uma pousada denominada Pouso Alegre, para que os tropeiros pudessem descansar em suas viagens, e assim permaneceu até 1867.

Em meados do século XIX, a qualidade do bairro favoreceu o desenvolvimento de olarias e o crescimento da população, junto às margens do rio Tietê. Com a venda da primeira olaria em 1890, foi transformada em indústria de cerâmica, promovendo o aumento da oferta de mão-de-obra e, consequentemente, a urbanização do bairro, que começava a se tornar industrial. Ainda no século XIX, com a grande produção de café para o mercado externo, foi construída a estrada de ferro, ligando o centro produtor ao porto de Santos. Em 1867 foi inaugurada a estrada ligando Santos a Jundiaí, passando por São Paulo e com algumas estações intermediárias, como por exemplo, no lado oeste da cidade, foi implantada no bairro Água Branca, por ser um intermediário entre os caminhos que ligavam a Freguesia do Ó, Pinheiros e Campinas.

Até a metade do século XIX, a região da Lapa era composta por um número pequeno de pessoas, sendo habitada basicamente por trabalhadores das olarias e agricultores locais, onde hoje está a Lapa de Baixo. Porém, em 1870, com a instalação das ferrovias e a imigração europeia, sendo a maioria italiana, trouxe um crescimento decisivo para o local e incentivo para o surgimento das primeiras indústrias. Aos poucos, o bairro adquiriu formas de bairro urbano e surgiram as escolas, o comércio, a nova matriz, o bonde, etc. Em 1908, tornou-se um polo urbano de ligação entre os bairros e municípios da zona oeste, sendo um dos maiores dentre os bairros da cidade de São Paulo. Com a inauguração da rodovia Anhanguera, em 1943, o bairro lapeano sofreu transformações e obteve novamente um crescimento comercial, pois, em 1954, foi criado o Mercado Municipal, que anteriormente localizava-se próximo à ferrovia, onde havia a maior feira livre da capital. Em 1966, surgiu o Centro Estadual de Abastecimento S/A (CEASA) e atual Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), um dos maiores centros de comercialização de alimentos da cidade de São Paulo.

Nos últimos 50 anos, o bairro da Lapa teve um crescimento significativo e contou com muitas melhorias, sendo hoje um dos bairros mais bem servidos em infraestrutura urbana. Com sua expansão da área comercial e a valorização dos imóveis, o centro da Lapa deixou de ser um bairro residencial e passou a ser predominantemente comercial.

História da Paróquia

Em aproximadamente 1840, no século XIX, a valorização dos terrenos lapeanos fez com que se reabrissem as características da Capela da R, situada antes no contorno do imóvel denominado Pouso Alegre, com casas de vivenda no caminho da ponte do Anastácio. Em julho de 1847, o Cônego Antônio Joaquim de Araújo Leite vendeu a capela para Francisco Paulo Soares, que a transferiu para Luis Antônio de Barros em novembro de 1859. Porém, devido sua pouca importância e o esquecimento da pequena capela de Nossa Senhora da Lapa, foi decidido substituir o nome por Santa Cruz durante alguns anos.

Em 1884, Luís Antônio de Barros Júnior e sua esposa Ana Maria Borba doaram à Mitra Arquidiocesana, a antiga capela sem título e mais dois metros de terrenos de cada lado da parede da mesma. No dia 14 de agosto de 1886, Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, Bispo Diocesano de São Paulo, autorizou a celebração de uma missa na chamada Santa Cruz da Lapa. Mais tarde, vieram a acontecer duas missas, uma em 13 de maio e outra em 12 de agosto de 1887, ou seja, apenas duas ao ano. Após a Paróquia de Santa Cecília, criada em 24 de março de 1895, tomar posse da capela, os cuidados foram se intensificando. Em meados dos anos de 1896, Serafim Corso dotou essa capela e construiu uma pequena torre com um sino, em estilo arquitetônico adequado naquela época.

Em 13 de novembro de 1896, o Bispo Dom Joaquim Arcoverde Albuquerque Cavalcanti, na qualidade de vigário de Santa Cecília, nomeia o Senhor Laurindo Bernardo Salgado como zelador com atribuições de tesoureiro, pois, levou em consideração a proposta do Reverendíssimo Padre Duarte Leopoldo e Silva, que depois veio a se tornar o arcebispo.

Nos anos vindouros a Capela recebeu as seguintes provisões: licença para procissões e festas em honra a Nossa Senhora da Conceição; licença para procissões com o Santo Lenho e imagens; missa a pedido do zelador; e várias outras missas a pedidos de outras pessoas. Logo, o primeiro batizado foi realizado em 28 de maio de 1899. Porém, houve uma tentativa sem êxito de se adotar como padroeira Nossa Senhora da Candelária, mas para o povo decidiu permanecer como padroeira, a Nossa Senhora da Lapa. E, em 1901, foi renovada a provisão que autorizava a celebração da Santa Missa nesta Capela, então denominada a Capela de Nossa Senhora da Candelária do Bairro da Lapa.

Por conta do crescimento e do desenvolvimento do bairro juntamente com o aumento da população, em 1 de agosto de 1902, concedeu-se licença para serem celebrados casamentos às pessoas que estavam habilitadas para manter um matrimônio. Em 12 de novembro de 1903, a Capela da Lapa foi entregue aos cuidados espirituais dos Reverendíssimos Padres Agostinianos Recoletos, tendo à frente o provincial Frei Celidânio Mateo de São José e o padre João Batista de Siqueira, que realizaram em 2 de dezembro de 1903, o primeiro casamento.

Por haver grande necessidade de atrair famílias para a igreja, foi aberta uma escola gratuita, diurna para as crianças e noturna para os adultos, para reavivar a fé dos habitantes do bairro, que chegou a abrigar um grande número de famílias. E por serem italianos a maioria dos imigrantes que habitavam o bairro da Lapa, a igreja aproveitou a vocação para a música e acrescentaram como atividade na igreja, as aulas de canto. Com isso, conseguiram reunir um número significativo de participantes que compareciam para as fundações religiosas. Em 25 de agosto de 1910, o engenheiro Serafim Corso fez à Paróquia de Santa Cecília, a doação de um terreno situado no bairro da Lapa, exatamente onde está localizada a atual Paróquia Nossa Senhora da Lapa. Este mesmo doador havia feito gratuitamente o projeto completo da igreja, que, embora aprovado pela Arquidiocese, não foi executado. Logo, foi construída a atual igreja, em localização prejudicial ao aumento da mesma, em estilo não condizente com a tradição, abrangendo inclusive, a pequenina praça que ali existia. Ele também doou à Igreja a imagem da padroeira, confessionários, bancos e um terço de ouro, que em circunstâncias desconhecidas desapareceu.

Já em 9 de outubro de 1910, o Arcebispo de São Paulo, Dom Duarte Leopoldo e Silva, benzendo com cerimônias pontificais a pedra da futura Matriz. Estiveram presentes o Monsenhor Benedito de Souza, o Padre Péricles Barbosa, o Padre João Lindexir e o vigário de Santa Cecília, cônego Marcondes Pedroso. A Comissão de Obras, que foi nomeada em 8 de março de 1911, por Dom Duarte, era constituída pelo Presidente cônego Marcondes Pedroso; Secretário Antônio Martins Coelho; Tesoureiro Dr. Joaquim Domingues Lopes; Comissariados Francisco Gerald, Francisco de Assis Maciel, Martins de Godói e João Berrandini. Finalmente, em 8 de dezembro de 1911, a Capela foi elevada à categoria de Paróquia, denominada Nossa Senhora da Lapa, desmembrada de Santa Cecília e da Bela Cintra, a atual Bela Vista, e no mesmo dia deu-se a posse do primeiro Vigário, Padre Nicolau Cosentino.

Entre 1911 a 1914, o Padre Nicolau fundou a Conferência de Nossa Senhora da Lapa, Irmandade do Apostolado da Oração e a Pia União das Filhas de Maria. As festas tradicionais da época eram São Vitalino e Nossa Senhora da Lapa, sendo esta  última a mais importante, pois atraía pessoas de toda a cidade de São Paulo. Em 28 de setembro de 1914, a Capelinha que servia de Matriz, juntamente com parte das obras da futura igreja, desapareceu em um incêndio de circunstâncias até hoje desconhecidas. E em torno de 1915, a Matriz havia sido reformada interiormente, de modo a atenuar o aspecto que tinha de Capela da R, comportando apenas 120 pessoas. Havia ainda, o primitivo coreto coberto de zinco que servia para leilões de festas, que se faziam com frequência e aos domingos a grande maioria dos assistentes ficava a porta da Capela, sob sol ou chuva.

Em 15 de maio de 1916, o Padre Benedito Pereira dos Santos conseguiu inaugurar a nova Paróquia e fundou ainda, as Irmandades de São Benedito, a de Nossa Senhora do Rosário e a Conferência de São Gabriel Dell Adolorata. Em 1920, o Padre Venerando Nalini foi nomeado e permaneceu até 1942, onde as obras estavam quase concluídas. E em 5 de fevereiro do mesmo ano tomou posse, o Padre Marcelo Franco, depois Monsenhor e Cônego, que em 1943, colocou em prática seus planos, reformando as escadas de acesso a igreja e mandou colocar calçamento em todo o passeio ao redor. O salão paroquial, destinado a cinema, teatro, reuniões, assembleias e conferencias, concluído em 1944, foi inaugurado por Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota e em 1947, inaugurou-se a Gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

Abaixo, relacionamos os párocos que fizeram parte da formação religiosa, desde a elevação de Igreja para Paróquia:

Padre Nicolau Consentino1911 – 1914
Padre Benedito Pereira dos Santos1914 – 1919
Cônego Venerando Nalini1919 – 1941
Monsenhor Marcello Franco1941 – 1967
Padre João Barizon Sobrinho1967 – 1969
Cônego Celso Pedro da Silva1969 – 1972
Padre Pedro Maria de Waard1972 – 1979
Cônego Antonio Macedo Silva1979 – 1980
Padre Adalton Pereira de Castro1980 – 2024
Padre Marcos Roberto Pires2024 – Atual


Tabela 1: Relação de párocos desde sua fundação.
Fonte: Material Impresso Comemorativo de 90 anos da Paróquia.

Os sinos da Paróquia Nossa Senhora da Lapa, foram fundidos por uma empresa especializada, sob a direção  do Monsenhor Marcelo Franco, que depois de muitas consultas a várias outras empresas e setores, não encontrou quem assumisse a responsabilidade de executar a tarefa de balançar os sinos da Matriz, por ser esta construída com tijolos e argamassa. E em 3 de junho de 1948, estavam colocados os três sinos da Matriz; o primeiro que pesava aproximadamente trezentos quilos, o segundo pesando quatrocentos quilos e o último pesando seiscentos quilos. Os dois menores ficavam na torre da esquerda e o último na torre da direita.

Com o passar dos anos outros padres foram párocos na Matriz Nossa Senhora da Lapa, porém desde 1981, o pároco  Padre Adalton Pereira de Castro, que desde sua permanência, empreendeu várias reformas na igreja, para torna-la mais próxima em relação ao seu projeto original, como as pinturas artísticas retratando várias passagens bíblicas que ornamentam as paredes e abóbada da igreja. 

Rota dos Tropeiros foi um importante corredor por onde circulavam bravos homens levando riqueza e desenvolvimento a locais distantes. Esse movimento perdurou do início do século XVIII até por volta do ano de 1930, quando a modernidade passou a decretar o fim deste ciclo.

Mitra Arquidiocesana  a instituição que representa o bispado, como pessoa jurídica.